"O
conceito atual de deuses/deusas em muitos casos não se encaixa à maioria das
deidades celtas, que devem ser vistas como espíritos - do local, ou da
natureza, ou de ofícios, não importa. A questão é que, para muitas pessoas, um
espírito seria inferior a um deus ou uma deusa. Não é assim. Um deus ou deusa É
um espírito."
O
druidismo é uma religião politeísta e seus deuses e deusas não possuem hierarquias
ou conceitos de dominância como se encontra na mitologia grega, por exemplo.
Tampouco possuem um único atributo, como "o deus da guerra" ou
"a deusa do amor". Os deuses dos diversos panteões celtas
(praticamente cada tribo possuía um panteão próprio) têm múltiplas faces,
atributos e características. Nenhum deles é totalmente bom ou mau, mas
desempenham diversos papéis. Não são apenas bons ou apenas maus, mas possuem
tanto potencial para o bem como para o mal. Não há a dicotomia de que estamos
acostumados, mas sim o equilíbrio de forças negativas com positivas. Os deuses
podem ser ao mesmo tempo benevolentes e cruéis: assim como uma chuva que cai
sobre a Terra pode ser uma benção quando os campos estão ressequidos ou então
uma desgraça quando causa enchentes e destruição. Como curiosidade, vale
observar que muitas deidades associadas à guerra/batalha são femininas,
enquanto que muitas deidades da fertilidade são masculinas.
Os deuses
celtas apresentavam inúmeras diferenças com relação aos de Roma e da Grécia. Em
primeiro lugar, não tinham aspecto físico, era impensável representá-los sob
uma aparência humana. Todos sabiam que tratavam-se de puros espíritos. Senão,
basta recordar o explodir do formidável riso do chefe gaulês Breno, por ocasião
da tomada do templo de Delfos, quando ele se deu conta de que os deuses do
Olimpo estavam ali representados por estátuas antropomórficas. O prestígio que
a cultura grega tinham até então tido para ele não sobreviveu à constatação.
Foi somente sob a ocupação romana que, para agradar ao invasor, os gauleses,
que haviam se tornado galo-romanos, começaram e esculpir estátuas e
baixo-relevos nos quais davam a suas divindades aspecto humano.
Os deuses
celtas não viviam em comunidade, num habitat coletivo do tipo do Olimpo: eles
dividiam entre si as grutas, os dolmens, os túmulos, as fontes, o interior das
montanhas. O conjunto dessas moradas constitui o Outro Mundo, universo
maravilhoso de felicidade e paz, que os irlandeses chamavam de sidhe. Aliás, os
habitantes do sidhe não eram unicamente deuses e deusas. Todos os seres
sobrenaturais faziam parte dele, inclusive os mortos. (...) para os antigos
celtas, os falecidos iriam encontrar, num mundo melhor, as pessoas divinas,
equivalentes a anjos e espíritos." (Yann Brekilien, celtista da Faculdade
de Rennes)
Os deuses
dos druidas são definidos de 3 maneiras:
- são os
ancestrais do povo, divinizados ao morrer;
- são
espíritos da Natureza e fenômenos metereológocos (rios, colinas, relâmpagos,
chuvas, etc), bem como espíritos patronos de um ofício (das artes, do trabalho,
etc);
- são
seres poderosos que não possuem corpo físico (deuses literalmente)
Os
druidas não adoram os deuses, procuram desenvolver com eles um relacionamento
pessoal baseado em honra, amizade, reconhecimento e laços de hospitalidade,
como fazemos com nossa família. Assim era com os celtas em tempos antigos,
assim continua hoje entre os druidistas e druidas modernos.
OBSERVAÇÃO:
Para quem leu aquele primeiro texto que eu publiquei sabe que aqui é relembrado
alguns aspectos. Essa: ''não relação'' com os Romanos, podemos lembrar da
rainha celta: Boudicca, onde ela e mais outras tribos, como os trinovantes,
fizeram um levante contra as forças romanas que ocupavam a Grã-Bretanha em 60
ou 61 d.C. Durante o reinado do imperador Nero. Preciso passar o texto sobre
ela no blog e depois eu posto aqui Emoticon heart Espero que
vocês tenham gostado!
Texto
publicado por: Andréa Guimarãe
acesse
nossa página: https://www.facebook.com/jarlseaeramedieval
Nenhum comentário:
Postar um comentário