Os celtas
não escreviam seus mitos, eles passavam de geração a geração através da
tradição oral de seus bardos. Para os druidas, escrever seus mitos seria o
mesmo que aprisionar seus espíritos. Portanto, contamos com outras formas de
estudo de sua mitologia:
- as
lendas foram resgatadas através dos registros feitos por monges copistas
irlandeses que passaram as principais histórias celtas para o papel em
belíssimos manuscritos;
- os
mitos estão vivos até hoje através das tradições populares orais das terras
celtas (principalmente Irlanda, País de Gales e Escócia).
Na
Irlanda, o registro mais antigo da mitologia celta é o “Book of the Dun Cow”,
que contém as sagas do herói Cuchulainn, escrito pelo monje Maelmuri, morto
pelos vikings, em sua catedral, em 1106. Esse título se deve a um manuscrito do
séc. VII, escrito por S. Ciaran sobre a pele de sua vaca de estimação.
O legado
celta da Irlanda é muito forte e a mais direta fonte para estudos, pois os
romanos jamais invadiram esse país. Preciosos manuscritos da mitologia
irlandesa nos elucidam muito sobre a espiritualidade e sociedade celta. Alguns
textos-chave são “O Livro das Invasões da Irlanda”, “O Roubo do Gado de
Cooley”, “A Cartilha do Sábio”, “A Batalha de Moytura”, entre outros.
Na
mitologia britânica temos o Mabinogion, uma coleção de 11 contos galeses
conservados nos manuscritos “White Book of Rhydderch” e “Red Book of Hergest”,
dos sécs. XIII e XIV. Mabinogion é o título dado por lady Charlotte Guest, em
1849, quando ela fez a tradução dos manuscritos para o inglês. Erroneamente,
ela achou que essa palavra era o plural de mabinogi (“conto de infância”, isto
é, uma lenda da concepção, do nascimento e da iniciação de um herói celta).
Além disso, apenas os 4 primeiros contos são relatos desse tipo e pertenciam a
um mabinogi original. Os outros 7 contos foram incluídos depois e não são
relacionados e esse tema.
Sobre os contos
populares, estes estão, infelizmente, fadados a morrer junto com a tradição
popular oral, que vai sendo substituída mais e mais pelo advento da televisão e
sua cultura global, inclusive nas zonas rurais outrora celtas. Algumas dessas
histórias são claramente uma preservação dos mitos e lendas da antiga classe
governante celta. Eruditos preservaram muitas delas ao registrarem tudo que
ouviram de contadores de histórias e trovadores/bardos.
A
natureza da mitologia celta remete ao papel dos bardos - sacerdotes e
professores responsáveis pela conservação e perpetuação da história de seu
povo. Assim, através de sua mitologia, temos acesso às preocupações e costumes
de sua sociedade. Pelas lendas e mitos celtas, podemos afirmar que eram um povo
com paixão pela beleza, visto que são fartas as descrições das vestes e adornos
do heróis, heroínas e deuses. Guerreiros com vestes coloridas e cabelos
eriçados, heroínas com cabelos ricamente trançados e usando muitas joias são
comuns a várias histórias. Era um povo também aficionado pelos mistérios da
Natureza: as magias e jornadas misteriosas aconteciam sempre durante caçadas,
nas florestas ou através de viagens pelos mares. Animais falantes são comuns,
outra vez remetendo ao xamanismo entre os celtas.
Os mitos
também são tidos como um tipo de explicação para os mistérios da religiosidade.
No caso dos celtas, vemos que as lendas celebram a imortalidade (amores que
perduram após a morte, cabeças de heróis que possuem poderes e sabedoria, etc)
e assim encorajam a força de uma sociedade guerreira. A certeza da imortalidade
fez dos celtas guerreiros destemidos. As constantes visitas ao Outro Mundo nas
lendas refletem os costumes de ritos de transição, como também a celebração da
ciclicidade da Natureza, bastante presente nessa sociedade que se baseava na
passagem das estações do ano, tanto na vida diária, como na religião. Na
verdade, os celtas pouco separavam a religião do dia-a-dia, pelo contrário: um
fazia parte indivisível do outro.
Outra
característica da mitologia celta é a presença de elementos e personagens
históricos em suas lendas. Para os bardos, história e lenda eram instrumentos
de mesma natureza, usados para preservar a memória popular, portanto,
especula-se que um grande número de heróis e heroínas celtas tenham realmente
existido e seus atos tenham sido tão marcantes que foram preservados pelos
relatos e pelas canções bárdicas.
A
mitologia celta vivia tão entrelaçada ao cotidiano do povo que, mesmo com a
chegada do cristianismo, foi impossível sua destruição. O que ocorreu foi que o
cristianismo acabou por incorporar os mitos. O deus único cristão teve de
dividir a adoração com inúmeros santos, alguns deles deuses pagãos
cristianizados, outros antigos druidas santificados. O exemplo mais conhecido
dessa “incorporação” é a história de Santa Brígida que entre os celtas pagãos
era a deusa Brigit da tríplice chama, uma Tuatha Dé Danann (tribo de poderosos
deuses irlandeses). Até hoje é mantido aceso no santuário de Santa Brígida um
fogo sagrado, cuidado por freiras. O culto a essa deusa em terras irlandesas
era tão poderoso e forte que foi inviável abafá-lo e ele sobrevive até os dias
de hoje na forma da santa com seu fogo sagrado que jamais se apaga.
OBSERVAÇÃO:
Texto escrito por: Andréa Guimarães. Seu blog: http://www.druidismo.com.br/index/Os_Celtas/Os_Celtas.html
O último
texto sobre celtas, eu, infelizmente, tive que excluir. Aquele texto não era
confiável, porém, volto com esse que é muito bom, mesmo pequeno. Amanhã vou
publicar um documentário sobre mitologia celta e depois um texto sobre Wicca.
Esperto que tenham gostado :3 Agora vou escrever mais um texto
sobre Mitologia Nórdica :)
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Oii, te admiro muito por seus trabalhos budistas!
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