terça-feira, 15 de setembro de 2015

Mitologia Nórdica- Os cabelos de Sif e a criação do martelo Mjölnir:


Os mitos nos contam que o deus possuía três preciosos objetos, os quais eram seus tesouros. Um dos tesouros era o cinto Megingjord, o qual consistia num "cinto de força", ou seja, quando o deus usava o cinto, este lhe aumentava a força. Uns dizem que isso lhe duplicaria a força, outros falam que o cinto aumentaria em dez vezes a sua força. O segundo tesouro eram as luvas de ferro chamadas de Járngreipr, que dizia-se que com estas luvas, o martelo jamais escorregaria das mãos do deus. Contudo, o maior tesouro que Thor possuía era o seu martelo de cabo curto, chamado Mjölnir o qual se tornou um símbolo de seu poder, de seu culto e de sua própria representação seja mitológica ou atualmente na cultura pop. De fato, o Thor dos quadrinhos não usa o cinto e as luvas de ferro, apenas o martelo. 

Mas, para conhecermos a origem do icônico martelo que conjurava trovões, raios e tempestades, e que esmagava o crânio de gigantes, primeiro devemos saber a ligação de Sif com essa história.

Tudo começou quando certa vez Sif se encontrava dormindo, Loki na ocasião decidiu pregar uma peça de mau gosto, então com uma faca ele cortou os longos e belos cabelos da deusa, e fugiu dali. Sif quando acordou notou que seus cabelos estavam curtos, ela que possuía uma grande admiração por estes, pôs a cair em choro, então cobriu a cabeça com vergonha. Quando Thor retornou para casa, foi procurar sua esposa e a encontrou muito triste, quando lhe foi revelado o ocorrido, ele ficou furioso e perguntou se Sif tinha ideia de quem havia feito aquilo. Ela mencionou que talvez fosse obra de Loki, pois ele era conhecido por pregar travessuras.

Thor furioso, partiu para encontrar Loki. Ele não matou o mesmo na ocasião, pois este pediu clemência por sua vida, e prometeu que iria conseguir os cabelos de Sif de volta. Ao mesmo tempo, Odin entrou na discussão e disse que Loki também teria que recompensar os deuses com presentes, neste caso ele teria que dar presentes para Thor, Freyr e o próprio Odin. Tendo essa difícil tarefa em mãos, o ardiloso Loki partiu para encontrar alguns anões, os quais eram famosos por serem os maiores artífices e ferreiros do mundo.

Loki procurou dois anões chamados Brokk e Eitri, conhecidos como filhos de Ívaldi. Os anões no primeiro momento se recusaram a aceitar o pedido de Loki, mas ele apostou sua vida naquilo, para que os dois fizessem três preciosos tesouros. Os anões disseram que fariam os tesouros que Loki pediu, mas também fariam seus próprios presentes para os deuses. Os dois irmãos aceitaram o trato e começaram a trabalhar, mas o ardiloso Loki se transformou num mosquito e começou a atrapalhar o trabalho de Brokk o qual era responsável por coordenar o fole que aquecia a forja, enquanto Eitri realizava o restante do trabalho. Loki não querendo que os anões o enganassem, fabricando tesouros ruins, começou a ameaçar o serviço de Brokk. A ideia de Loki era impedir que os presentes dos anões fossem melhores dos quais eles faziam para ele.

Num primeiro momento eles criaram um javali com a crina de ouro, então continuaram a trabalhar enquanto Loki transformado em mosquito picava a mão, o pescoço e as pálpebras de Brokk. No final os anões criaram seis presentes, sendo que três foram dados por Loki e os outros três dados por eles dois
Loki deu uma majestosa lança chamada Gungnir a qual dizia que jamais erraria o alvo, a presenteando a Odin. Para Thor ele deu os cabelos de ouro para sua esposa, e para o deus Freyr (irmão de Freya) representante dos deuses Vanir, este recebera o navio Skidbladnir o qual dizia-se que nunca faltaria vento para aquele navio, desde que as velas fossem içadas, e além disso o navio poderia ser encolhido, a ponto de ser guardado no bolso ou em uma bolsa.

Por sua vez os anões deram a Odin um anel de ouro chamado Draupnir, o qual a cada nove noites, ele se multiplicava, criando anéis idênticos. Para Freyr eles deram o javali de crina dourada (Gullinbursti), o qual possuía o poder de correr pelos ares e sobre a água. Por fim, os anões deram para Thor um martelo de cabo curto, chamado Mjölnir o qual se tornou a principal arma e símbolo do deus dos trovões e raios. Os três deuses consideraram o martelo o mais precioso dos presentes.
O martelo concedeu imenso poder a Thor, canalizando suas forças, de forma a lançar raios, e ao mesmo tempo esmagar inimigos, pedras e montanhas. Além disso, os mitos contam que Thor arremessava o martelo e este sempre retornava a sua mão. Contudo, diferente das histórias em quadrinhos, outras pessoas conseguiam erguer o martelo, tal fato fica evidente quando o Mjölnir foi roubado uma vez.


OBSERVAÇÃO: Imagem- Os anões Brokk e Eitri, Loki e os presentes feitos por ele, em destaque o martelo Mjölnir.


Fontes:
STURLUSON, Snorri. Edda em prosa. Tradução, apresentação e notas de Marcelo Magalhães Lima. Rio de Janeiro, Numen, 1993.
INDOW, John. Norse Mythology: A guide to the gods, heroes, rituals, and beliefs. New York, Oxford University Press, 2001.
DAVIDSON, Hilda. Thor hammer. Folklore, n. 76, 1965, p. 1-15.
DAVIDSON, Hilda. O deus do trovão. Deuses e mitos no norte da Europa. São Paulo, Madras, 2004, p. 61-77.
EDDA Mayor. Tradução e notas de Luis Lerate. Madrid, Alianza Editorial, S.A, 1984
site- Seguindo passos historia ( no site tem mais fontes e textos)

#Nimue

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